“Hoje ainda é domingo, mas é que não tenho o que fazer então fico trancada aqui
no quarto. Eu decidi que seria menos escrava da Melissa e suas filhas sebosas.
E estou pouco me lixando que ela está nesse momento batendo na porta me
mandando ir lavar as roupas. Eu mudei a fechadura do meu quarto, e ainda
coloquei um ferrolho por dentro, porque assim ela não tem mais como abrir. Melissa está muito brava porque a seis meses, quando meu pai morreu, eu arrumei
um emprego. Foi lá na locadora, o que agora está me sendo um problema já que o
Augusto ( o cara que beijei ) não sai mais do meu pé. Só encontro com ele nas
quartas e sábados porque nossos horários são diferentes, mas queria não
encontrar nenhum dia. Quero tentar arrumar um emprego na lanchonete da escola
também, aí trabalho no turno da noite.
“Tive aula, e tinha um trabalho chato para apresentar, mas que me esqueci de
fazer. Escola é o inferno na terra, eu queria largar ela, mas meu pai me pediu
para terminar ao menos ensino médio antes de parar de estudar. O Gustavo
sugeriu que eu copiasse do dele, mas tive preguiça até pra isso. Só queria
entender porque que um cara do terceiro ano, guarda seus trabalhos do primeiro
ano. Hoje conheci dois amigos do Gustavo, Léo e André. Dois idiotas se quer
saber.
Depois da aula fui trabalhar e o primeiro cliente que chegou no meu horário foi uma mulher que
toda semana vem e aluga alguma comédia românica daquelas que todo mundo sabe
como começa, como desenvolve e como termina. E ela sempre reclama de algo. Ou
melhor, de tudo. Primeiro reclamou que a máquina e videogame do lado de fora da
loja estava muito feia, e só tinha jogos violentos . Depois reclamou dos
garotos que chegaram para jogar, porque faziam muito barulho. Depois reclamou
que não tínhamos novos filmes de comédia romântica, então sugeri que ela
alugasse outro tipo de filme, porque ela só aluga os mesmos sempre e seria bom
algo novo. E sabe o que aconteceu? Ela me perguntou quem eu era para querer dar
palpite na vida dela...”