Nos mantivemos em silêncio alguns minutos. Eu já havia parado de chorar e agora estava esperando pela bronca que levaria. Estava um silencio absoluto quando de repente ele me afastou e me segurou pelos ombros.
-Posso saber qual é o seu problema? Com pode sair assim o meio da noite sem dizer aonde ia, sem proteção,sozinha, sem destino.Por que fez isso. Sabe como foi perigoso e arriscado? Poderia estar morta nesse momento,você tem noção disso? Você não pensa nos outros, é egoísta. Quase me matou de preocupação. Não sei como ninguém do conselho,caçadores ou bruxas não te acharam antes.
Ele tomou fôlego e me soltou. Vi que a pessoa que dirigia o carro nos olhou rapidamente pelo retrovisor. Olhei para Fester e ele estava de cara feia olhando para a rua e para a chuva que despencava feito louca.
-Eu não sou egoísta. Só não queria causar mais problemas a vocês.
-E quando sentisse fome? O que faria? Pretendia sair matando gente por aí?
Ele deve ter percebido que eu estava me sentindo totalmente culpada porque me puxou bruscamente e voltou a me deitar em seu ombro.
Seguimos em silêncio.
Eu não fazia a menor ideia de para onde estávamos indo, apenas queria estar de volta ao grupo. Queria ver Damian e pedir perdão a Katrinna. Eu não reparei aonde estávamos indo, só abri meus olhos quando o carro foi desligado.
- Aonde estamos?
-Em um lugar seguro.
Desci do carro e segui ele na chuva por um beco mal iluminado. Viramos a esquina e seguimos andando, eu quase correndo para poder acompanha-lo. Viramos novamente a esquina e demos de cara com um casarão escuro e velho. Muito bonito por sinal. Estava me sentindo em um filme de terror. Aquela casa velha,antiga e enorme, aquela chuva sinistra, só faltava trovoes e raios.
- Entraremos e você vai fiar calada, não falará um A! Esta me ouvindo?
Virei os olhos e passei na frente dele adentrando no quintal de grama morta. Parei em frente a grande porta de madeira e esperei por Fester. Antes que ele chegasse, a porta se abriu e fui recebida por Damian com um abraço apertado.
- Sua maluca! Eu achei que eles haviam te pegado.
Abracei ele de volta.
-Desculpa! Eu não sei onde estava com a cabeça.
-Entre. - Ele me falou
A casa era incrivelmente linda e antiga. Não tinha nada chique ou caro, nada tão limpo e iluminado, mas mesmo assim lindo. Era uma casa toda iluminada a luz de velas e a luz da lua e estrelas que entravam pela janela escancarada.
-Antes de tudo, você precisa entender que agora estamos sem nosso clã, eles se espalharam e ficamos em poucos. Agora estamos aos cuidados de uma conhecida, porém ela não é da nossa espécie e por isso não tem menor obrigação e nos cuidar. Está apenas prestando um favor. Por favor não estrague tudo.
-Fester - falei irritada - você me ofende falando assim.
-Eu não estou nem aí, só não nos faça ser mortos. Vá tomar um banho e trocar-se pois ela já deve estar chegando e precisamos partir.
Fester me empurrou para a escada e eu comecei a subir devagar procurando Damian com os olhos e fazendo sinal para que ele subisse comigo. Ele correu ao meu encontro e vi Fester olhando com reprovação.
- Porque temos que partir? Ele não disse que estaríamos aos cuidados dela?
-Ela é uma Sith, não podemos ficar.
-Uma o que??
Ele me olhou com uma cara de "como assim você não sabe?" e sorriu em seguida.
- Uma Baobhan Sith, é uma espécie de Nosferatu. Só que só existe no sexo feminino.
-Eu nunca ouvi falar.
-Tá, vou te explicar. - ele abriu a porta de um quarto e me apontou um guarda-roupas - Talvez você nunca tenha ouvido falar porque ela é escocesa, está aqui por vontade própria mas todas vivem na Escócia ou ao redor dela. É uma raça bem diferente de nós. Elas só se levantam do túmulo uma vez ao ano para se alimentar. Ela acordou hoje mais cedo e estávamos a espera dela para pedir uma hospedagem rápida. Ela sempre foi simpática então aceitou mas com a condição de irmos embora ainda hoje.
-Nossa...bela hospedagem.