- Pare de chorar sua malcriada!
Bianca tinha tanto medo do pai que engoliu o choro no exato segundo. Continuou caída no chão e levou um último pontapé que atingiu sua boca.Não deixou nenhuma lágrima a mais escorrer.
- Vagabunda!
Ele saiu e bateu a porta do quarto começando a xingar agora a madrasta dela. Bianca preferiu continuar no chão, afinal não tinha forças para se levantar. Amanha era segunda e novamente ela ia ter que dizer aos professores que brigou na rua ou caiu da escada. Sua casa nem sequer tinha escada.
Levantou e entrou no banheiro antes que o pai voltasse, trancou a porta e entrou de baixo do chuveiro de roupa e tudo,nem sentia as lágrimas escorrerem. Muito menos o sangue. Ela entenderia se fosse uma menina má, mas sempre fora a filha educada e responsável, sempre obedeceu e sempre fez tudo antes que pedissem. Suas notas eram a melhores, mesmo com todos os seus problemas.
Colocou a roupa molhada dentro da maquina e foi pro quarto ainda ouvindo o choro da madrasta e os xingamentos do pai. Vestiu suas peças íntimas e foi até a sala, sentou no sofá e pegou o telefone.
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Esperou a frase que sempre ouvia quando ligava para lá - só que nunca tinha coragem de falar nada - e soltou a frase.
- Meu pai bate na minha madrasta e em mim todos os dias, bêbado e com faca ou arma mão.
- Quantos anos você tem?
-Hoje é o meu aniversario de 15 anos. Você pode vir agora?
- Onde estão seus pais agora?
-Espero que venha. Também quero notificar um suicídio´.
- Quem é a vítima?
Bianca olhava para a arma do pai em sua mão quando ouviu a porta abrindo e seu pai aparecendo com ódio estampado nos olhos.
-Com quem está falando,menina? - o pai gritou
-Moça? - a policial do outro lado da linha falou - Quem é a vítima?
- Sou eu.
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