Eu estava andando pelas paredes e teto do quarto a meia hora e Akantha já havia dormido. Eu estava sem sono e energética. Tudo porque consegui uma proeza interessante.
Decidi sair pra dar uma volta. Desci até o saguão e vi a recepcionista me encarando. Estava louca para andar pelas paredes daquele saguão. Óbvio que eu não poderia.
A manha estava bonita e com o céu limpo. Era engraçado o clima mudando sem parar. Aposto que mais tarde choveria.
Senti a minha visão ficando turva de repente e tudo ficou escuro. Fechei meus olhos com força e quando os abri novamente, estava de noite. Chovia demais mas eu não me molhava. Estava prestes a gritar de desespero quando reconheci alguém correndo pela rua numa velocidade anormal e sendo seguido por um carro preto pequeno. De repente do outro lado da rua surgiu um furgão azul marinho com alguém debruçado na janela com alguma espécie de arma. A arma disparou repetidas vezes e vi a pessoa que corria pela rua desviar diversas vezes. Mas alguém num terceiro carro atirava também e dessa vez,a pessoa que corria já estava perto demais do furgão e foi tingido na cabeça.Era o Alessandro. Os carros pararam bruscamente mas dois caras continuavam atirando até ficarem bem próximos. Vi Alessandro levantar a mão fazendo um gesto obsceno para eles e em seguida, atiraram em seu coração.
Meus olhos pareceram só então se abrir de verdade e eu estava de volta a porta do hotel. Senti alguém tocar meu braço de leve e olhei para o lado. Eu a conhecia de algum lugar.
-Você finalmente descobriu seu primeiro dom.
Aquela voz... era a mulher que me aparecera na praia.
- Está me seguindo?
-Claro que sim querida. Acha mesmo que vou te perder de vista?
A voz dela era calma porém firme.Ela segurou o meu braço e começou a me puxar.
-Me solte!
Ela me soltou alguns passos depois e apontou um poste. Cheguei mais perto e me reconheci em uma foto com o título "DESAPARECIDA".
-Seus pais colocaram em todas as cidades vizinhas. Vão te reconhecer rapidamente com você andando por aí assim. - Me estendeu a mão e entregou um chapéu de pescaria velho e sujo.
Meu coração começou a acelerar demais e eu enrolei meu cabelo prendendo em baixo do chapéu.
-Preciso de uma tesoura. E tinta. - Falei mais para mim do que para a moça estranha.
- Venha comigo Nancy.
Andamos quase correndo, ela me puxando pelo braço e esbarrando em pessoas que reclamavam. Entramos em três ruas diferentes e finalmente entramos em um beco cheio de lama e lixo com vários mendigos deitados. Senti cheiro de ferro. continuamos seguindo o beco e notei que era um lugar sem saída. Havia uma porta de ferro totalmente enferrujada no fim do beco. A moça tirou uma chave do bolso de sua roupa suja e com muita dificuldade abriu a porta.
Entramos em um ambiente nojento. Era a casa dela. Eu só soube porque ela disse "é a minha casa" ,mas eu poderia confundir facilmente com um deposito de roupas sujas, lixo e antiguidades. E provavelmente moradia de vários ratos, baratas e morcegos.Ela
Ela foi adentrando e eu apenas segui.
- Sente-se. - me apontou um sofá rasgado e sujo
Rezei para não sair um rato de dentro dele. Vampiros? Tudo bem. Ratos não! Sentei evitando encostar a minha pele. Ainda bem que minha roupa era longa. A moça voltou com uma tesoura e perguntou que tamanho eu queria. Depois de poucos minutos meu cabelo já estava no ombro com uma franjinha que eu não tinha desde os três anos de idade.
- Combina com seu rosto.
-Quem é você afinal?
-Você não precisa ter medo de mim. Fazem séculos que espero por você, e minha mãe também esperou por séculos, pena que não esteja viva para te ver.
-Me desculpa moça, mas pelo jeito você sabe mais sobre mim do que eu mesma sei.
-Tenho certeza disso. Você deve estar tão confusa. Irei te contar uma pequena parte da história.
Ela fez um movimento com a mão e uma cadeira veio de outro cômodo e se instalou atrás dela. Sem olhar ela se sentou.
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