quarta-feira, 7 de janeiro de 2015

Fuga

“Eu havia pego uma mochila que não usava á tempo, era pequena, mas suficiente para tudo o que eu precisaria.
Coloquei algumas frutas e achocolatados. Um bronzeador, pasta de dente, e escova, pente, e hidratante. No bolso maior coloquei três vestidos, duas bermudas, duas blusas, uma camiseta e uma saia.
Pronto, estava tudo preparado. Eu iria fugir. Era meio-dia, eu tinha acabado de almoçar. Era o horário perfeito, todos iriam se perguntar: Onde está ela? Afinal, uma garota de onze anos não some assim.

Sai de casa assim que me aprontei. Passei pela sala com a mochila nas costas. Minha mãe estava sentada ajudando minha irmã mais velha em ajustar as configurações do celular, e meu pai estava tomando uma cerveja e com o som no ultimo volume. Era como se eu não existisse. Fiz um carinho no meu cachorro, e olhei uma última vez para aquela família.
Depois que sai pelo portão, pensei: Agora, tenho uma nova vida. Uma vida minha. Uma vida melhor!
Andei durante um bom tempo, não podia ficar perto de casa, todos me reconheceriam. Meu plano era andar até uma cidade diferente, grande, que ninguém fosse me encontrar.
Porém, eu era apenas uma criança. Tive que correr de alguns garotos que tentaram pegar minha mochila, e não pude entrar no ônibus porque não tinha dinheiro. Minha comida acabou rápido, e eu tive muita fome. Andei de volta para casa, afinal, eu nem tinha ido muito longe. Tomei uma baita chuva na volta, e me cortei em um galho espinhoso.
O pior de tudo isso, foi chegar em casa, entrar, tomar banho, me trocar, comer, e perceber, que ninguém sentiu minha falta, mesmo eu tendo chegado depois das onze da noite.”

No dia seguinte, a garota do texto foi encontrada morta, enforcada, e ao seu lado, uma carta. A que vocês acabaram de ler.
 - Letícia Pontes

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