quinta-feira, 28 de julho de 2016

Nancy Ahlert : Vivendo o medo ~ Capítulo 13: O último adeus

 

Sete horas da noite

Alguém bateu a porta.

- Entra. 

Fazia uma hora que estava deitada na mesma posição.

- Legal, você tem uma cama. - Era Akantha

Sentei e sorri para ela meio sem animo. Ela estava com os olhos inchados e vestia uma roupa completamente negra. Tirou os braços de traz no corpo e segurava um grande saco, havia um vestido preto dentro e ela me estendeu ele.

- Fester mandou te entregar. O enterro dele será daqui dez minutos. - Ela colocou o vestido na cama quando eu na me movi para pega-lo. - Não deixe de ir.

- E não deixaria por nada nesse mundo.

Ela saiu do quarto devagar e eu senti uma lágrima escorrer de um único olho. Levantei e fui  tomar um banho. O estilo vitoriano do lugar me encantava. Deixei a banheira enchendo enquanto separava minha roupa para o enterro. 

A espuma negra na água me fazia pensar em como a minha vida  havia mudado nos últimos tempos. Eu estava em uma banheira que custava provavelmente o preço da minha antiga casa, dentro de uma mansão no alto de uma colina perto de uma praia, com um cemitério no quintal. E eu tinha presas e sede de sangue.


Sete e meia da noite

Não havia ninguém na casa, desci as escadarias segurando o vestido longo de mangas compridas. Eu estava descalça, não sei, só quis assim. Saí pela frente da casa já que não sabia onde ficava a porta dos fundos e dei a volta até avistar um enorme grupo de pessoas vestidas de preto lá em baixo na areia da praia. Desci a colina devagar observando que alguns cantavam em uma língua diferente, inclusive Akantha. Me aproximei da multidão já tendo visualizado Fester de longe. Estavam cantando em latim. Fiquei ao lado de Fester olhando o caixão preto posicionado ao lado de um buraco com muito mais de sete palmos. Meu coração doía, era a primeira vez que eu perdia alguém.

Segurei a mão de Fester e ele a apertou forte. 


 



quarta-feira, 27 de julho de 2016


Me rasgando, me corroendo, me destruindo por dentro. Cada centímetro meu sendo dilacerado e marcado por essa dor.
A cada segundo eu pedindo pelo silencio,mas o silencio era o maior barulho dentro de minha mente, o silêncio me perturbava e a cada instante eu estava ficando mais perto da insanidade. Gritava meu silencio e ninguém queria ouvir. Gritava minhas dores e o mundo se fechou para mim. Gritava minha quase insanidade e todos me viraram as costas. Eu estava sozinha,perdida e não aguentava mais.

- Letícia Pontes

sábado, 23 de julho de 2016

Nancy Ahlert : Vivendo o medo ~ Capítulo 12: A mansão


Senti o sono chegando e meus olhos pesando. Nem o balanço do carro me impediu de dormir profundamente. Lembro de ter sonhos e pesadelos bem confusos e perturbadores.

Senti que estava quentinho ali onde eu estava, havia acordado mas não queria me mover pois estava muito confortável. Abri meus olhos devagar e dei de cara com o rosto adormecido de Fester.Ele estava sentado em alguma poltrona larga. Eu podia ver pelas frestas das janelas que o sol iria nascer a qualquer minuto. O que eu estava fazendo no colo dele? Não me movi um centímetro. Da posição que estava - como um bebê no colo da mãe - pude ver que estávamos em uma casa enorme e muito antiga. Eu estava com muito sono. Apenas adormeci novamente.

Cinco horas da tarde

Abri meus olhos com dificuldade e percebi que eu estava sozinha na poltrona dessa vez. Fester estava vindo em minha direção e me entregou um copo. Chocolate quente. Quanto tempo eu não tomava isso? A sensação era maravilhosa. Eu estava sentindo o gosto?

- Tem um pouco de sangue misturado.

Aquilo não me causava náuseas, já era bem comum. E pensar que não fazia nem dois meses desde que tudo começara... 

Fester sentou ao meu lado, numa  outra poltrona e começou a beber o dele fazendo caretas.

- Não sei qual a graça nesse chocolate.

-Você teria que ser humano para saber. - Ele sorriu - Fester, porque eu dormi no seu colo? - Se fosse possível que ele corasse, eu juraria que ele tinha corado alí naquele instante.

- Você havia dormido no carro. Quando chegamos aqui, desci com você no colo e me sentei aqui...adormeci, sei lá... 

- Sei.. e onde estamos?

-Chegamos finalmente. Aqui é o nosso refúgio. Não entra nenhuma bruxa sem queimar viva e nenhum humano sem ser comido vivo. 

- Uau, me sinto mais segura. Todos aqui dentro parecem bem amáveis. - Falei ironicamente

- Pelo menos estão do seu lado.

   
 Ele se levantou e tomou o copo ja vazio de minha mão.

Venha conhecer a casa.

Seis horas da tarde

Depois de andar a casa inteira, ou melhor, a mansão, e conhecer diversas pessoas novas finalmente sosseguei em meu quarto novo. A mansão era conhecida apenas como "Refúgio" , haviam dois andares e todos os cômodos eram gigantes. Haviam muitos móveis em todos os cômodos e tinha uma biblioteca gigante que com certeza haviam mais livros do que na da minha antiga cidade. A cozinha era completamente limpa e a geladeira estava repleta de saquinhos de sangue. Havia um cemitério gigante atrás da casa e depois dele...o mar. Todos os banheiros tinham banheiras. Era realmente uma casa que deveria valer muuuito! A casa era antiga e bem cuidada. Também haviam cortinas negras em todo os cômodos, inclusive no banheiro. E mais uma vezes eu estava me sentindo em um filme de terror. Todas as vezes que paro para pensar em minha nova vida, eu penso que irei acordar a qualquer minuto e tudo não terá passado de um pesadelo. 

 

quinta-feira, 21 de julho de 2016

Amor...



Amor, você tem me feito acreditar novamente.Tem despertado tanta coisa nova em mim e me feito sentir novamente o que eu já não ligava em sentir.Estar com você tem sido tão espetacular, tão perfeito que eu não encontro palavras para expressar. O tempo passa em um segundo e quando vejo já é hora de me despedir. E parece que o tempo longe de você é uma eternidade, parece que ele faz de propósito. Ele demora a passar só para ver meu desespero.

Já te disse que suas mãos segurando as minhas é a coisa mais perfeita nesse mundo? Seus beijos, seus abraços, seus carinhos.Não  poderia desejar nada mais perfeito, ninguém mais completo.

Já te disse como seu sorriso me derrete por dentro? Derrete. Mas aí teu olhar me reconstrói,e  fica nesse ciclo sem fim. Que realmente não quero que tenha fim. 

Amigo,amor,você me faz feliz, você me faz bem, e você é quem eu quero.

- Letícia Pontes

quarta-feira, 20 de julho de 2016

É isso.

Me chamo Alice, e sou uma garota completamente apaixonada pelo meu  amigo, que por sua vez, é completamente apaixonado pela minha melhor amiga.E o melhor amigo do cara que amo, é apaixonado por mim. Típico não é?  Bruno é um cara lindo, de cabelo muito escuro e olhos mais ainda, seu cabelo caidinho estilo mauricinho me encanta. Ele é um mais inteligente da nossa turma da faculdade, ela sabe disso e ama exibir seus talentos. Seu melhor amigo é o Calleb, que deixa claro para quem quiser ver, que me ama. Enquanto tento esconder de todos que eu amo Bruno, Calleb é o único que sabe, e mesmo sabendo, nao desiste de mim. Bruno gosta da Dandara, que não está nem aí para relacionamentos. A vida da Dandara é beber, dançar e beijar qualquer cara.

Calleb é o típico nerd de faculdade, que sabe tudo sobre as ultimas e as mais antigas tecnologias. E eu, bom, sou só eu.

É isso. Fim.

Estranho? Pois é, Nada acontece, nada vai acontecer, nada vai mudar. Vai passar alguns anos e eu estarei trabalhando e atendendo clientes que precisam de uma psicóloga. Dandara vai estar fazendo alguma outra faculdade ou torrando seu muito dinheiro com alguma outra coisa. Calleb vai estar rodando os países dando palestras e aulas e fazendo uma terceira faculdade e Bruno vai estar com sua empresa ganhando muito dinheiro. Nós vamos nos afastar, ter mundos diferentes.

É isso. Fim.

A vida é isso, fazer o que? Quem sabe até eu case e tenah filhos, essa vai ser só mais uma das minahs paixões, e eu serei só mais uma das paixões do Calleb, e Dandara uma das paixoes de Bruno.

É isso. Fim.

- Letícia Pontes



Nancy Ahlert : Vivendo o medo ~ Capítulo 11: Promessa


Dez e meia da noite

Achar aquele caminhão realmente havia sido sorte pura. Eu estava na frente com Fester , estávamos os dois calados desde o início da viagem. O corpo de Damian ia atrás nos braços de Akantha e Marco. Ninguém quis coloca-lo em um caixão. Alec e Ambrógino iam mais afastados do corpo conversando baixinho. 

- O cheiro me incomoda. - Fester falou de repente - Seus cigarros. - ele completou vendo a minha cara interrogativa

Eu continuei a tragar.

- Qual o sentido? Ele não faz mais efeito em você , faz?

Balancei a cabeça negativamente.

-Então porque continua? Me incomoda.

Respirei fundo. Aquilo era mais como uma mania que havia ficado da minha vida normal. Queriam que eu largasse também? Primeiro as pessoas queriam que eu largasse por me fazer mal, e agora por não fazer. Joguei o resto de cigarro pela janela entreaberta. Olhei para ele pacientemente.

- Gosto de me sentir normal algumas vezes. Fingir que ainda sou humana.

Ele me encarou um pouco.

- Damian falava que a gente tinha que te fazer sentir confortável, sentir que ainda era humana, inclusive, não reclamar do cigarro, apesar de incomodar a todos.

- Ele me entendia...

-Eu também te entendo! - falou parecendo chateado de repente

- Mas ele mE entendia de verdade.

-Eu te entendo de verdade!!  

Olhei para ele com a minha expressão de "aham, claro que entende", mais irônica possível.

- Não precisa me entender. Mas prometa, que não vai embora novamente...nem morrer.

Não desfez a cara de bravo, e manteve as duas mãos no volante e os olhos fixos na estrada.

- Claro que não vou.