quarta-feira, 30 de março de 2016

Tempo de nós dois


 A muito tempo tenho aguentado nós dois.
Tenho suportado esse romance mal feito,mal dito e mal amado.
A quanto tempo tenho pedido tempo para pensar no tempo que estamos perdendo? 
Sinto pena de nós dois, que apesar de sabermos que não temos mais nada a ver, somos covarde em tomar a atitude de romper o único fio que ainda nos une. 

-Letícia Pontes 


terça-feira, 29 de março de 2016

Nancy Ahlert - Entre o bem e o mal ~~ Capítulo 13: David

 

Cinco da manhã

Estávamos em frente a minha casa e eu não sabia o que esperar de meus pais quando me vissem. Eu estava sumindo toda madrugada. Destranquei a porta com cuidado e entrei tirando meus sapatos e deixando-os enlameados à porta. Fiquei no aguardo de Damian que havia me seguido até em casa.

-Você precisa me deixar entrar. Preciso de um convite!
-Entre! - resmunguei 

Subi as escadas, entrei em meu quarto - Damian me seguia - e tranquei a porta. Fui até meu guarda-roupas tirando um pijama e roupa intima e me tranquei no banheiro. Fiquei lá por pelo menos uma hora, tomando banho, chorando, e estava tão distraída que depilando minha perna me cortei profundamente. Você deve estar se perguntando o motivo de eu comentar esse fato. É que na verdade foi bem estranho ver sair tão pouco sangue de um corte tão fundo, e além do mais o sangue ser tão...aguado.

Confesso que desde quando tudo começou a ficar estranho, eu tento me convencer de que tudo esta bem. Eu procuro motivos para dizer: Ahá! Eu sabia! Tudo esta bem sim! 

Saí do banheiro com os olhos inchados e encontrei Damian andando no teto. Sim, andando no teto. Eu preferi ignorar aquele fato e tentar agir como se nada estivesse diferente em minha vida.
 
 - O que pretende fazer agora? - Ouvi a voz vindo lá de cima
-Dormir. E não ser incomodada - Deitei minha cabeça em meu travesseiro. 
-Sua vida não será igual nunca mais. 
-Farei de tudo para ela ser. 

Ele pulou ao meu lado e fechou minha cortinas. 

- Eu não sei exatamente o que vai acontecer a você a partir de agora, afinal nunca tivemos uma humana transformada. Ma vou te alertar de algumas coisas.

Me cobri até a cabeça dando a entender que não estava nem aí.

- Não saia no sol, não coma alho, nem chegue perto dele. Não se preocupe em comer porque vo não precisa mais. Tente não ficar nervosa ou verão seus olhos vermelhos, também não saia de noite, depois que começar a escurecer fique dentro de casa e assim o conselho não poderá te pegar. Bom, e quando começar a sentir fome, sabe onde nos encontrar...

Tudo ficou em silencio. Ele havia ido embora.


Meio-dia

 Acordei com o sol incomodando meus olhos. Não da forma que deveria incomodar um vampiro, mas apenas irritando meus olhos. Fechei a cortina e olhei o relógio. Bom, terceiro dia da faculdade que eu faltava. Me deitei novamente, parecia que meu cansaço não passava. Quando finalmente me levantei, comi uma maçã - que tinha gosto de emborrachado -  e me troquei. Fui até a casa do David e chamei por ele.

Sinceramente eu não faço ideia do que fui fazer alí. Talvez eu só queria vê-lo, ou sentir o conforto do colo dele. Sei lá. Ele estava de ressaca, era claro isso. Sentou-se no chão com uma xícara de café esperando para me ouvir e eu me sentei em uma cadeira e fiquei calada por um tempo.  

- O que tem feito? - Perguntei já me arrependendo de ter ido até lá 

 - Bebido e conhecido novas pessoas. O que você deveria estar fazendo pois está um caco, cheia de olheiras e descabelada.

Levantei da cadeira e a joguei nele que deixou a xícara quente cair na perna e começou a  gritar comigo me xingando. Enquanto eu caminhava até a saída segurando as lágrimas ele se levantava com dificuldade e corria até mim com fúria. Ele iria me bater  - de novo - se me alcançasse. 
 
Bati a porta e sai correndo chorando. Porque eu fui la? Foi burrice. Ele me traiu inúmeras vezes, me agredia e sempre foi um babaca. Eu queria conversar com a Vilma...

Entrei no hospital chorando horrores pois sabia que não a encontraria lá. Mas o que será que havia acontecido depois com o corpo dela? Enxuguei as lágrimas antes de chegar a recepção.

- Oi.
-Olá Nancy...
-Vim ver a Vilma  - era a única coisa que achava que poderia dizer

Ela se manteve em silencio alguns segundos , provavelmente pensando em como deveria me dizer.

-Estávamos esperando alguém para vir reconhecer o corpo.

Comecei a chorar. Encostei a minha cabeça no balcão e soluçava sem parar. Tudo bem que eu já sabia mas isso lá é jeito de dar uma notícia dessa? Ela me pediu que a seguisse e eu obedeci.

O médico ficou perto da porta esperando eu decidir sair de lá. Já fazia uns cinco minutos que eu olhava o corpo branco e  gelado de Vilma e chorava sem parar. Eu havia matado a minha melhor amiga.


PRÓXIMO CAPÍTULO: 31 DE MARÇO

sexta-feira, 25 de março de 2016

Nancy Ahlert - Entre o bem e o mal ~~ Capítulo 12: Desvaneios

 

Depois que o Damian se afastou dizendo que me deixaria refletir um pouco, começou uma forte chuva que eu não via desde o dia do meu término com o babaca do David. Percebi que Damian ficou de longe me observando. Eu estava chorando sentada na lama que se formava cada vez mais por causa da chuva. Eu ficaria ali para sempre. Estava me sentindo um lixo. Eu tinha tantas perguntas mas parecia tão absurdas. Era estranho pensar em fazer perguntas sobre vampiros. O conselho? O que seria o conselho? O governo vampiresco? Eu não fazia a menor ideia do que mais poderia existir naquele mundo estranho.

Eu matei alguém. Matei! Me alimentei de minha própria amiga. Eu era um monstro. Mas foi o Fester quem me transformou nisso.  culpa é toda dele. Minha vontade era de me levantar e ir até ele, para mata-lo. Mas eu sequer tinha forças para erguer minha cabeça.

Precisava ir para casa. O que será que tinha acontecido quando encontraram o corpo da Vilma? Saberiam que fui eu? Eu poderia mesmo voltar para casa? Minha cabeça doía de tanto chorar e meu gemido ecoava no cemitério. Eu queria muito a minha cama.

Me levantei com dificuldade e lavei meu rosto com a agua da chuva. Fiquei alguns minutos em pé alí recebendo a agua em meus rosto que escorria no resto do meu corpo até finalmente começar a caminhar em direção ao Damian que estava encostado em uma arvore novamente. Ele se afastou e caminhou ao meu encontro.

- O que fará agora?

Mantive meu silencio e continuei andando em direção as casinhas que haviam ali. Começaram a mandar as crianças entrarem e ficarem atentos como se eu fosse ataca-los a qualquer instante. Os encarei me sentindo incomodada e ofendida.

- Eles tem medo pois nunca viram uma humana que virasse Nosferatu. Ninguém viu.

Continuei calada e refiz o caminho até meu carro.

-Não vai embora nao é? Não pode ir.

Ele tentou ficar parado a minha frente para que eu no seguisse e eu apenas desviei pelo lado.

- Se te encontrarem , te matam. Tem que ficar em bando, onde eles tem medo de vir.

Eu não estava nem aí se eu morresse. Eu preferia morrer.

- Então vou com você.

-Eu na estou nem ai se você morrer.

Ele sorriu e entrou no carro comigo.

PRÓXIMO CAPÍTULO:  28 DE MARÇO 
P.S.: QUERO COMENTÁRIOS!


quinta-feira, 24 de março de 2016




Se tenho medo do escuro, é porque sei o que tem nele

Com pesadelos fui testada, meus limites explorados...

Na madrugada sempre atenta, tentando não cair em mais um abismo que

Me leve a você! 

-Letícia Pontes

Nancy Ahlert - Entre o bem e o mal ~~ Capítulo 11: Vilma

 

Eu tinha quinze anos quando conheci quem se tornaria a minha melhor amiga; Vilma. Ela estava saindo de um orfanato direto para um motel de beira de estrada. Queria ganhar a vida e não sabia bem o que fazer para começar. Eu ajudei ela durante um ano. Sempre foi muito esforçada e conseguia vários bicos de empregos até conseguir alugar uma casa por si só. Namorava um cara que a ajudava bastante e tinha um chefe que a apoiava sempre. 

Conseguiu com o próprio dinheiro tirar carteira de motorista aos vinte anos e no mesmo ano comprou uma moto. O namorado dela pagou um detetive para procurar pelos pais dela e seis meses depois encontraram sua mãe. Até ficaram próximas depois de um tempo.

Vilma tinha uma vida até boa. Tinha decidido que faria intercambio mas no mesmo ano começou a ficar doente. A depressão começou a  tomar conta de uma hora para outra. Seu namorado a deixou, sua mãe decidiu fazer uma viagem para o outro lado do mundo e seu chefe teve que demiti-la por falta e competência no serviço.

Apenas eu fiquei.

E eu a matei.

Vilma tinha dezoito anos quando me viu pela primeira vez. Ela me deu conselhos e me deu uma pulseira que carregara a vida toda dentro do orfanato. Me contara histórias boa e ruins de lá. E me falara que sue maior sonho era sair de lá e viver sozinha. Me incentivou em meu sonho de ser policial e reclamou quando segui o sonho dos mEus pais e não o meu. Ela foi a melhor amiga que eu poderia ter.

Ao dezoito anos eu fui traída por uma amiga da época da escola, e todos me julgaram e apontaram, acreditando nela e não em mim. Todos meus muitos amigos se afastaram e me deixaram.

Apenas ela fiou.

E eu a matei. 

PRÓXIMO CAPÍTULO: AMANHÃ!
 P.S.: CADE OS COMENTÁRIOS? 

terça-feira, 22 de março de 2016




É , talvez eu seja mesmo boba e ingênua. 
Mas pelo menos eu tenho caráter.
Talvez eu tenha mesmo caído no "conto de fadas",
Mas pelo menos eu tenho decência.
É, eu fui iludida.
Mas isso não acontece novamente.
Então não nem vem.

-Letícia Pontes

Nancy Ahlert - Entre o bem e o mal ~~ Capítulo 10: Damian

 
- Você deve estar muito confusa. 
 
Meia-noite

Ouvi a voz vindo de algum lugar as minhas costa e me virei nem um pouco assustada. Àquele ponto dificilmente me assustaria com algo. Vi um cara encostado a uma árvore. Estava muito escuro  para que eu pudesse ver seu rosto. Apenas via sua silhueta encostada a arvore com os braços cruzados. 

-Ele não te odeia sabe? Por mais que pareça. Ele só esta confuso também. Todos nós estamos.

Ele desencostou da árvore e colocou as mãos em seus bolsos enquanto caminhava em minha direção. Pude ver seu rosto. Era um rapaz jovem, seus vinte e cinco anos. Tinha um jeito tranquilo e calmo de falar e era muito bonito. Me levantei do chão e fiquei e pé do lado da lápide. Ele caminhou até a outra ponta e sentou em cima dela.

- Você matou a irmã dele e sua melhor amiga em um só dia. Isso é de assustar qualquer um.

- Como é que é? 

- Mas na verdade eles estão mais assustado com: como você se transformou? 

- Olha, se você for ficar falando enigmas como o Fester faz, eu prefiro que se retire.

- Tudo bem estressadinha. Ja ouviu falar em nós em seus contos de terror provavelmente. Só que ,nós nunca transformamos ninguém. Isso de morder alguém e esse alguém se transformar em um de nós...não existe sabe?

Me mantive em silencio. Tanto fazia. Até poucos minutos atrás eu não acreditava na existência e vampiros mesmo. Então tanto fazia se eles transformavam ou não alguém.

- Ou nascemos assim ou...não tem ou. Nós nascemos assim e ponto final. Ninguém "vira" um Nosferatu. Você foi a primeira que isso aconteceu.

- Eu sou uma vampira? -Falei quase sem acreditar que estava acreditando naquilo

-Noferastu. Você é um Noferastu. 

Ficamos calados e me senti sobre a lápide enquanto admirava o chão de barro. Tirei meu tênis e comecei a enfiar meus pés no barro gelado, revirando a lama como eu costumava fazer em dias de chuva quando mais nova.

- Como esta a Vilma?
-Morta.
-Não pode ser...

Comecei a chorar, coisa que achava que não faria mais.

- Como?
-Calma, vamos por partes. Vamos falar da Yo-Yo primeiro!
- Como sabe dela?
- As noticias se espalham. Como acha que sei de tudo isso? Tinham outros por perto quando aconteceu, fora que Fester nos falou de sua existência.

Esperei em silencio enquanto chorava, que ele me contasse logo tudo e acabasse com a tortura. 

- Fester chegou desesperado aqui dizendo que havia se alimentado de uma humana e que ela sobrevivera. Ele só soube que sobreviveu porque te viu no dia seguinte e começou a te seguir pois não acreditava que estava viva. Só faltou ficar louco quando soube que era mesmo você. Nosso clã não sabia o que poderia ter acontecido e quiserão entrar em contato com o conselho, mas Fester não deixou por medo de o matarem. Afinal, não era algo comum, e todos abominam coisas incomuns em nosso meio. Então ele e sua irmã Yo-yo fora atrás de você, porem, alguém denunciou o que houve e foram atrás deles, o que resultou na morte de Yo-Yo.

Eu matei Yo-yo...

- Você ja estava transformada a três dias e isso para quem nunca se alimentou é muita coisa. Por isso você estava com tanta fome, e quando ficamos com fome demais, perdemos o controle e agimos apenas por instinto de sobrevivência: se alimentar para sobreviver, ou seja, matar para sobreviver.

Eu matei a Vilma...

- Não se torture - ele levantou e veio até a minha frente ficando agachado -Você no teve culpa. Quero dizer...de certa forma né...

- Sou Nancy. - Eu queria mudar de assunto rapidamente. Não queria ouvir mais nada

-Eu sei. Eu sou Damian.


PRÓXIMO CAPÍTULO: 24 DE MARÇO DE 2016