terça-feira, 29 de março de 2016

Nancy Ahlert - Entre o bem e o mal ~~ Capítulo 13: David

 

Cinco da manhã

Estávamos em frente a minha casa e eu não sabia o que esperar de meus pais quando me vissem. Eu estava sumindo toda madrugada. Destranquei a porta com cuidado e entrei tirando meus sapatos e deixando-os enlameados à porta. Fiquei no aguardo de Damian que havia me seguido até em casa.

-Você precisa me deixar entrar. Preciso de um convite!
-Entre! - resmunguei 

Subi as escadas, entrei em meu quarto - Damian me seguia - e tranquei a porta. Fui até meu guarda-roupas tirando um pijama e roupa intima e me tranquei no banheiro. Fiquei lá por pelo menos uma hora, tomando banho, chorando, e estava tão distraída que depilando minha perna me cortei profundamente. Você deve estar se perguntando o motivo de eu comentar esse fato. É que na verdade foi bem estranho ver sair tão pouco sangue de um corte tão fundo, e além do mais o sangue ser tão...aguado.

Confesso que desde quando tudo começou a ficar estranho, eu tento me convencer de que tudo esta bem. Eu procuro motivos para dizer: Ahá! Eu sabia! Tudo esta bem sim! 

Saí do banheiro com os olhos inchados e encontrei Damian andando no teto. Sim, andando no teto. Eu preferi ignorar aquele fato e tentar agir como se nada estivesse diferente em minha vida.
 
 - O que pretende fazer agora? - Ouvi a voz vindo lá de cima
-Dormir. E não ser incomodada - Deitei minha cabeça em meu travesseiro. 
-Sua vida não será igual nunca mais. 
-Farei de tudo para ela ser. 

Ele pulou ao meu lado e fechou minha cortinas. 

- Eu não sei exatamente o que vai acontecer a você a partir de agora, afinal nunca tivemos uma humana transformada. Ma vou te alertar de algumas coisas.

Me cobri até a cabeça dando a entender que não estava nem aí.

- Não saia no sol, não coma alho, nem chegue perto dele. Não se preocupe em comer porque vo não precisa mais. Tente não ficar nervosa ou verão seus olhos vermelhos, também não saia de noite, depois que começar a escurecer fique dentro de casa e assim o conselho não poderá te pegar. Bom, e quando começar a sentir fome, sabe onde nos encontrar...

Tudo ficou em silencio. Ele havia ido embora.


Meio-dia

 Acordei com o sol incomodando meus olhos. Não da forma que deveria incomodar um vampiro, mas apenas irritando meus olhos. Fechei a cortina e olhei o relógio. Bom, terceiro dia da faculdade que eu faltava. Me deitei novamente, parecia que meu cansaço não passava. Quando finalmente me levantei, comi uma maçã - que tinha gosto de emborrachado -  e me troquei. Fui até a casa do David e chamei por ele.

Sinceramente eu não faço ideia do que fui fazer alí. Talvez eu só queria vê-lo, ou sentir o conforto do colo dele. Sei lá. Ele estava de ressaca, era claro isso. Sentou-se no chão com uma xícara de café esperando para me ouvir e eu me sentei em uma cadeira e fiquei calada por um tempo.  

- O que tem feito? - Perguntei já me arrependendo de ter ido até lá 

 - Bebido e conhecido novas pessoas. O que você deveria estar fazendo pois está um caco, cheia de olheiras e descabelada.

Levantei da cadeira e a joguei nele que deixou a xícara quente cair na perna e começou a  gritar comigo me xingando. Enquanto eu caminhava até a saída segurando as lágrimas ele se levantava com dificuldade e corria até mim com fúria. Ele iria me bater  - de novo - se me alcançasse. 
 
Bati a porta e sai correndo chorando. Porque eu fui la? Foi burrice. Ele me traiu inúmeras vezes, me agredia e sempre foi um babaca. Eu queria conversar com a Vilma...

Entrei no hospital chorando horrores pois sabia que não a encontraria lá. Mas o que será que havia acontecido depois com o corpo dela? Enxuguei as lágrimas antes de chegar a recepção.

- Oi.
-Olá Nancy...
-Vim ver a Vilma  - era a única coisa que achava que poderia dizer

Ela se manteve em silencio alguns segundos , provavelmente pensando em como deveria me dizer.

-Estávamos esperando alguém para vir reconhecer o corpo.

Comecei a chorar. Encostei a minha cabeça no balcão e soluçava sem parar. Tudo bem que eu já sabia mas isso lá é jeito de dar uma notícia dessa? Ela me pediu que a seguisse e eu obedeci.

O médico ficou perto da porta esperando eu decidir sair de lá. Já fazia uns cinco minutos que eu olhava o corpo branco e  gelado de Vilma e chorava sem parar. Eu havia matado a minha melhor amiga.


PRÓXIMO CAPÍTULO: 31 DE MARÇO

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