Nancy Ahlert - Entre o bem e o mal ~~ Capítulo 4: Pow!

 

 Estava sentada a cerca de duas horas ali e nada de me darem noticias. Vilma morava sozinha e não tinha família, veio direto de um orfanato então ela só tinha eu que se preocuparia com ela.Resolvi ir comprar um refrigerante, estava parecendo um hospital fantasma com alguns barulhos distante, só faltava as luzes piscando, mas muito pelo contrario ,ali era tudo muito bem iluminado e tudo muito branco. 

Estava indo em direção a máquina de café quando alguém virou o corredor e ficou parada na minha frente. Era uma garota de capuz e mochila um pouco mais baixa do que eu e eu não conseguia ver seu rosto. Ela estendeu o braço e fez um sinal que fazemos quando criança para imitar uma arma e emitiu o seguinte som com a boca:

- Pow!

Ficou alguns segundos em silencio ainda com o braço esticado, levantou a cabeça e me encarou, levou a "arma" até a boca e assoprou ela. Depois disso saiu correndo na direção em que tinha vindo e sumiu de minha vista.Nos poucos segundos que ela me encarou,pude ver sua aparência claramente. Ela tinha cabelos pretos como os meus e uma franja que cobria toda a sua testa e um pedaço dos olhos , que por sinal era bem puxados. Não  havia duvidas de que ela era asiática. Tinha os olhos muito escuros e jurava ter visto uma cicatriz profunda em seu rosto.
Fiquei meio atordoada tentando entender o que havia acontecido.

Quatro da manhã.

Abri meus olhos e vi muitas pessoas pelos corredores me sentei e senti que  estava toda quebrada,havia dormido na cadeira do hospital e estava gelada de frio. Avistei o médico que estava cuidando da Vilma e fui até ele.

-Bom dia, como está a Vilma?

-Olá Nancy, ela já esta se recuperando,e esta recebendo sangue novo. Ela ingeriu muitos comprimidos e perdeu muito sangue também, mas esta bem melhor.

-Foi outra tentativa de suicídio não foi?

- Lamento, mas sim. Essa já é a terceira vez que você vem com ela para interna-la e isso infelizmente teve consequenciais, ela provavelmente será obrigada a frequentar um psicólogo.

-Ela não vai gostar nada disso.

- É isso ou ela terá que ser internada em outra unidade.

Ele saiu. Faltou apenas chama-la de louca e dizer que vai ser levada a um hospício. Caminhei até a porta do quarto dela e a vi deitada ali inconsciente. Eu precisava ir, já era terça e eu tinha que ir a aula. Eu tinha entrado para a faculdade e não havia ido para o primeiro dia de aula ainda. 

Seis da manha.

Já estava atrasada mas preferi atrasar do que não limpar aquela escada e depois ter que ouvir falatório. Saí de casa em direção a faculdade que não ficava longe dali. Quando estacionei me senti meio garota nova que acaba de mudar de cidade e tem medo de ser rejeitada na escola. Fiquei alguns minutos parada do lado do meu carro olhando o movimento de pessoas. Comecei a sentir uma forte dor de cabeça e uma fome dos infernos  decidi atravessar a rua para comer algo. Depois de comer duas coxinhas e uma lata de refrigerante,respirei fundo e atravessei a rua de  volta para a faculdade. Já haviam poucas pessoas lá fora e foi algo familiar que me chamou a atenção. Na esquina da rua haviam duas pessoas encapuzadas me encarando. Uma eu reconheci de primeira, era a garota asiática do hospital e ela fez a mesma coisa que a noite anterior, só não pude ouvir "pow",porque a distancia não permitia. Apesar de parecer ter ouvido claramente em minha mente. Do lado dela estava uma pessoa mais alta e mais larga, o que provavelmente era um homem. E reconheci ele depois de alguns instantes, e com o coração disparado corri com muito medo para dentro do prédio e fique sentada no chão do banheiro com a cabeça explodindo em pensamentos. Era o cara que me perseguira naquela madrugada de chuva intensa.

PRÓXIMO CAPÍTULO: 09 DE MARÇO