Nancy Ahlert - Entre o bem e o mal ~~ Capítulo 3: Depressão

 

 Ao invés de me virar eu corri em direção a minha casa, entrei, tranquei a porta e rapidamente olhei pela janela para ver se havia alguém ali. Ninguém! A rua estava deserta igual a noite anterior. Subi as escadas desviando do barro e entrei em meu quarto, trancando a porta e as janelas. Ok...talvez eu estivesse um pouco assustada ainda. Afinal eu não falara sobre nada com ninguém. Sentei em minha cama e comecei a ver de quem eram as ligações. 

13 chamadas perdidas - David

7 chamadas perdidas - Vilma

3 chamadas perdidas - Mãe

Da minha mãe e do David eu ja esperava, mas a Vilma? Ela deveria estar desesperada para me ligar tantas vezes. Droga! Lembrei que fiquei de dormir na casa dela na noite anterior. Droga! Havíamos combinado que depois do meu encontro com o David , eu iria para a casa dela.  Mas aquele término tinha desestruturado tudo e eu me esqueci completamente desse combinado.Fui checar minhas mensagens.

Tinham varias do David pedindo para voltar,para me ver e falando um monte de besteiras. Bêbado com certeza. Depois chequei as varias e varias mensagens da Vilma , meu coração apertou. Ela estava novamente com aquelas ideias malucas de suicídio. Peguei minha mochila e coloquei o essencial: Calcinha, escova de dente, muda de roupa ,carregador e calcei meu tênis. Meus pais provavelmente já estavam dormindo e eu não avisaria que estava saindo para eles não reclamarem de mais uma noite fora. 

Uma da madrugada

Ja havia tocado a campainha várias vezes e ela não abriu a porta. Peguei a chave reserva que eu tinha feito  alguns meses quando ela estava no pior estagio da sua depressão , e entrei. Estava tudo como de costume: uma bagunça e sujeira tremenda. Vasculhei a sala e havia vários moveis jogados e quebrados. Corri até o quarto dela e vi um rastro de comprimidos jogados até o banheiro. Bati desesperada na porta do banheiro.

-Vilma!! Vilma abre a porta! 

Estava trancada e ela não respondia. Conferi no resto da casa para ter certeza de que ela não estava em outro cômodo. Mas ela não estaria, afinal a porta do banheiro não se trancaria sozinha.Corri até o vizinho e chamei ele para ele abrir a porta do banheiro.

Vilma estava caída no chão toda encolhida e nua, estava tão magra que me dava arrepios. Comecei a gritar pelo nome dela enquanto tentava levanta-la. O vizinho checou o pulso dela e disse que estava fraco demais ,que estava quase parado.  Liguei imediatamente para uma ambulância e fui vestir uma roupa qualquer nela. Fiquei abraçada a corpo gelado dela la no chão do banheiro pensando em mil coisas que poderiam ter acontecido.

 Eu deveria ter estado la para ajudar... 

Uma lágrima quente escorreu de meus olhos.

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