Nancy Ahlert : Vivendo o medo ~ Capítulo 17: Y

No dia seguinte eu ja conheci um tal de Y. Ele era conhecido apenas como Y e era assim que eu deveria chama-lo. Mais gay impossível, ele era do tipo escandaloso e cheio de palavras que eu nao sabia o significado, era cheio de tatuagens pequenas e coloridas espalhadas pelo corpo, desde uma nuvem com arco-íris e um unicórnio coloridinho, até um símbolo do nazismo e também desenhos de gangues que existiam no país (várias. Ele tinha diversos machucados e band-aids de diversos tamanhos. Usava na cabeça umas três faixas diferentes e ainda haviam bottons grudados nelas, nas roupas e nas duas bolsas que carregava. Sua roupa era  mais exagerada possível: uma camisa social preta com um colete vinho, uma gravata vermelha e um lenço por cima da mesma cor, cinto de cowboy  pulseiras de vários tipos fitas amarradas nos braços também. ele era tão magro que envergava. Seus anéis eram antigos e gigantes e suas unhas pitadas de vermelho, usava uma maquiagem tão pesada quanto a minha, contendo apenas as cores pretas. E para concluir,tinha uma bolsa daquelas que mulheres com bebe levam com as coisas do recém-nascido e uma bolsinha de lado que eu geralmente usava antigamente e nas costas uma super arma que eu não fazia ideia do nome com um pingente do símbolo da paz pendurado nela. Nada nele fazia sentido.

-Meniiiina to bege, tu é mais linda do que eu pensava, dorei suas madeixas!

Foi recebida com elogios e gírias que eu entendia mas achava ridículas. Dei um sorriso forçado tentando ser simpática e demonstrar ânimo.

- Gatinha eu sou o Y e serei seu treinador - ele em puxou pelos ombros e deu um beijo em cada bochecha só que sem encostar os lábios. Ele era mais feminino do que eu.

- Sou a Nancy.

-E quem nao sabe? - Ele deu uma risada alta e me puxou pelo braço - A gente vai ter um espacinho só nosso! Vou te ensinar TU-DI-NHO!

Não sei se iria aguentar. Ele parecia legal mas era irritante seu jeito de falar.

- Vou te ensinar a caçar, a matar, a não deixar vestígios, a lutar e também vai ter aulas de historia para se atualizar de todos os babados! 

Nossa! Que interessante que será einh...

A vítima

- Pare de chorar sua malcriada!

Bianca tinha tanto medo do pai que engoliu o choro no exato segundo. Continuou caída no chão e levou um último pontapé que atingiu sua boca.Não deixou nenhuma lágrima a mais escorrer.

- Vagabunda! 

Ele saiu e bateu a porta do quarto começando a xingar agora a madrasta dela. Bianca preferiu continuar no chão, afinal não tinha forças para se levantar. Amanha era segunda e novamente ela ia ter que dizer aos professores que brigou na rua ou caiu da escada. Sua casa nem sequer tinha escada.

Levantou e entrou no banheiro antes que o pai voltasse, trancou a porta e entrou de baixo do chuveiro de roupa e tudo,nem sentia as lágrimas escorrerem. Muito menos o sangue. Ela entenderia se fosse uma menina má, mas sempre fora a filha educada e responsável, sempre obedeceu e sempre fez tudo antes que pedissem. Suas notas eram a melhores, mesmo com todos os seus problemas. 

Colocou a roupa molhada dentro da maquina e foi pro quarto ainda ouvindo o choro da madrasta e os xingamentos do pai. Vestiu suas peças íntimas e foi até a sala, sentou no sofá e pegou o telefone.

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Esperou a frase que sempre ouvia quando ligava para lá - só que nunca tinha coragem de falar nada - e soltou a frase.

- Meu pai bate na minha madrasta e em mim todos os dias, bêbado e com faca ou arma mão.

- Quantos anos você tem?

-Hoje é o meu aniversario de 15 anos. Você pode vir agora? 

- Onde estão seus pais agora?

-Espero que venha. Também quero notificar um suicídio´.

- Quem é a vítima? 

Bianca olhava para a arma do pai em sua mão quando ouviu a porta abrindo e seu pai aparecendo com  ódio estampado nos olhos.

-Com quem está falando,menina? - o pai gritou 

-Moça? - a policial do outro lado da linha falou - Quem é a vítima?

- Sou eu.

   

Aaron

 

Aaron entrou na sala que mandaram e sentou em uma das diversas cadeiras que lá havia. Pessoas derrubando suas salgadas lágrimas era o que não faltava ali. Não fazia Aaron se sentir mais confortável, nem um pouco. Sempre fora estudioso, calado, responsável, não se metia em problemas, trabalhava, não fazia nada de errado. Mas ele não sabia que isso não impediria de um câncer surgir dentro dele devorando cada pouquinho de energia, cada ponto saudável dentro dele. Nunca havia imaginado tal possibilidade, e nunca havia passado por nada assim. Sozinho, enfrentando a morte. Ele, que sempre pedira por ela, agora estava com medo.

 

- Letícia Pontes

Nancy Ahlert : Vivendo o medo ~ Capítulo 16: Treinamento

Entrei no quarto e tranquei a porta. Estava com raiva, me sentindo extremamente irritada e agitada. Fiquei andando pelo quarto e mexendo nas cosias que haviam colocado nele. Eu não queria ser vista como a filha de Fester. Será que todos me viam assim? Até ele?

Meia-noite

Ouvi alguém bater a porta bem devagar e foquei minha mente para tentar sentir o cheiro e descobrir quem era. Não levou nem cinco segundos, era Fester. Ele bateu novamente e eu me concentrei em destrancar a porta de lá de onde eu estava. Sentada na cama de pernas cruzadas e séria, vi a porta abrir lentamente e Fester parado observando.

- Está melhorando! Tem treinado?

- Não!

Ele fechou a porta e se aproximou, sentou no chão a minha frente e gaguejou antes de começar a falar.

- Bom, contei tudo a Adrastéa. Toda a história e também as coisas que você vê e faz. - Me mantive séria e em silêncio - Ela acha que devemos nos manter escondidos aqui, e começar um treinamento intenso com você. 

-Treinamento?

-Sim. Você precisa aprender tudo, para a guerra que virá. E todo minuto é um minuto perdido que poderia estar treinando.

-Querem que eu vire uma Nosferatu completa?

-Não sei se existe isso. Não sei como funciona, nem como vai ser. Mas precisamos descobrir e você precisa ficar o mais forte possível. Você pode pensar a respeito e também decidir quando começar.

-Podemos começar agora!

Nancy Ahlert : Vivendo o medo ~ Capítulo 15: Adrastéa

Depois de contado cada detalhe a Fester, sobre tudo que havia visto e ouvido, ele sugeriu que falássemos com Adrastéia. Eu não a conhecia, mas ela era a dona da mansão. Segurei a mão de Fester e demos a última olhada no túmulo de Damian antes de voltar a mansão.

Entramos devagar e encontramos todos sentados a sala, no chão, em poltronas, sofás, e todo tipo de acento que havia no salão gigante de entrada. No meio de tanta gente vestida de preto, havia uma mulher incrivelmente linda vestida de vermelho sangue, conversando com alguns. Ela parecia ter chorado e mantinha um lenço branco na mão com o qual enxugou os olhos delicadamente uma vez antes de virar completamente para nós dois. Loira e olhos...vermelhos? Não sei se eram lentes mas seus olhos eram vermelhos como seu vestido. 

-Finalmente nos conhecendo, Nancy! - Ela me abraçou forte e acariciou a minha cabeça. - Ah, criança, tão nova e tão sofrida!

Ela se afastou e me olhou com pena. Ela não aprecia tão mais velha do que eu, talvez pudesse ser a minha tia, algo assim. Mas ela conseguia fazer eu me sentir uma criancinha de oito anos. Se afastou e pulou nos braços de Fester o abraçando. Ele pareceu surpreso e de início não retribuiu o abraço,apenas ficou imóvel, mas logo a envolveu em um abraço forte. 

-Sinto muito, Fester! Sinto muito!

Eles se afastaram e ele cruzou os braços. Adrastéia me segurou pela mão e me levou até o outro lado da sala onde sentamos os três em um sofá grande e antigo.

- Sabe Nancy, você não é tão azarada quanto pensa. Sei que deve ser muito complicado estar numa situação tão estranha. - Ela acariciou meu rosto e depois voltou-se para Fester.- Mas você pelo menos tem a Fester. - eu sorri, ele realmente era a minha sorte grande no meio de tudo isso - Tenho certeza que ele te cuida como uma filha, ele demonstra isso.

Filha? FILHA? Era só o que me faltava. Eu não era como uma filha para ele. Eu sei que não. Não que eu quisesse ser outra coisa, mas filha? Eu sei que ele deve ter uns dez anos a mais que eu ( ou duzentos anos a mais, mas estou falando e aparência, mas...filha?

- Pois é...como uma filha! - Ele falou sem me olhar

É sério isso Fester? Ninguém merece. 

- Bom, espero que tenha gostado do seu quarto. Você pode ir conhecer o de Fester também quando ele for para lá, vai achar legal já que é bem diferente do seu. 

- Não - me levantei de supetão - obrigada! - sorri para ela da melhor maneira que pude e olhei para Fester que olhava para o chão - vou aproveitar o meu quarto. - Sai andando rapidamente pelas escadas e esbarrando em alguns Nosferatus que grunhiram para mim.