segunda-feira, 1 de agosto de 2016

Carta de suicídio



Bianca não tinha um amigo sequer. Nenhu
m mesmo.Não era como eu que apesar de ser sozinha, tinha vizinhos e primo. Não. Ela não tinha ninguém. Apenas um pai e uma mãe malucos que tinham medo de sair de casa. Eu fui culpada de nunca ter tentado me aproximar dela, confesso. Ela era estranham quem iria querer? Eu deveria ter querido. Eu sei. Talvez eu pudesse ter ajudado a Bianca. Quatro anos estudando juntas e eu só sabia julga-la pela aparência. Seu cabelo curtinho fazia aparecer todas as cicatrizes estranhas no pescoço. Seus pulsos claramente eram cortados diariamente e vez ou outra ela aparecia com o olhos roxo. O motivo, eu não sei, mas sei que deveria ter perguntado. 

Eu acho que eu sinto a falta dela. Talvez por eu ter sido cruel, e por eu ter achado seu corpo largado no chão do banheiro. Talvez por eu ter chutado ela para provoca-la, talvez por eu ser esse monstro que a matou. Não sei. Ela era meiga, e depressiva. Ela sofria e eu causava mais dor. Eu achei divertido ver ela chorar e correr da gente. Meu coração estava partido, eu havia assassinado Bianca. Ela havia tirado a própria vida porque eu havia repetido diversas vezes para ela i quanto insignificante e inútil ela era. E ela era. Era porque nós a tornamos.

Eu precisava reencontra-la.Para pedir perdão,para ser amiga dela para faze-la companhia. E agora,vou reencontra-la, e se alguém perguntar, digam que fui eu quem a matei.

- Letícia Pontes


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