quarta-feira, 20 de julho de 2016

Nancy Ahlert : Vivendo o medo ~ Capítulo 11: Promessa


Dez e meia da noite

Achar aquele caminhão realmente havia sido sorte pura. Eu estava na frente com Fester , estávamos os dois calados desde o início da viagem. O corpo de Damian ia atrás nos braços de Akantha e Marco. Ninguém quis coloca-lo em um caixão. Alec e Ambrógino iam mais afastados do corpo conversando baixinho. 

- O cheiro me incomoda. - Fester falou de repente - Seus cigarros. - ele completou vendo a minha cara interrogativa

Eu continuei a tragar.

- Qual o sentido? Ele não faz mais efeito em você , faz?

Balancei a cabeça negativamente.

-Então porque continua? Me incomoda.

Respirei fundo. Aquilo era mais como uma mania que havia ficado da minha vida normal. Queriam que eu largasse também? Primeiro as pessoas queriam que eu largasse por me fazer mal, e agora por não fazer. Joguei o resto de cigarro pela janela entreaberta. Olhei para ele pacientemente.

- Gosto de me sentir normal algumas vezes. Fingir que ainda sou humana.

Ele me encarou um pouco.

- Damian falava que a gente tinha que te fazer sentir confortável, sentir que ainda era humana, inclusive, não reclamar do cigarro, apesar de incomodar a todos.

- Ele me entendia...

-Eu também te entendo! - falou parecendo chateado de repente

- Mas ele mE entendia de verdade.

-Eu te entendo de verdade!!  

Olhei para ele com a minha expressão de "aham, claro que entende", mais irônica possível.

- Não precisa me entender. Mas prometa, que não vai embora novamente...nem morrer.

Não desfez a cara de bravo, e manteve as duas mãos no volante e os olhos fixos na estrada.

- Claro que não vou.  
     

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