Nancy Ahlert : Vivendo o medo ~ Capítulo 7: Conversa

- Escutem-me por favor. Vocês sabem muito bem que a bruxa Amarantha ficou famosa por se voltar contra seu próprio povo e acreditar na vinda de alguém que mudaria tudo. 

-É uma lenda. - Fester gritou

- Não! Minha família acreditava nisso, e eu acredito também. Nancy será a nossa salvação,ela mudará as coisas. Ela fará todos verem que podemos viver em paz.

-Não podemos viver em paz. - sussurrei - Nos alimentamos de humanos. Vivos.

-Mas pelo menos com as bruxas poderão. - Ela apontou para trás - acho melhor vocês se alimentarem antes que esfriem.

Três horas da madrugada

Estávamos todos no quarto de Damian, enquanto ele atualizava Akantha e Marco do que estava acontecendo, eu estava sentada na cama onde  Fester estava quase sem forças e Athea fazia algum tipo de magia para cura-lo.

- Não vou aceitar essa bruxa aqui! - Marco falou alto - Não importa se a profecia é verdadeira ou não. - Ele tentou se aproximar da cama e foi segurado por Akantha.

- Eu acredito nela. 

Akantha sentou conosco na cama e começou a limpar o rosto de Fester com um lenço molhado cantarolando algo em uma língua que eu não conhecia. Em segundos Athea começou a cantar junto com ela e elas se olharam sorrindo e aumentando a voz. Pareciam animadas por conhecerem a mesma canção.

- É latim - Fester sussurrou para mim vendo a minha cara interrogativa - eu também não entendo - ele sorriu 

Akantha parou de limpar seu rosto quando já não havia mais sangue e se retirou do quarto depressa para seguir Athea que havia dito que iria fazer um circulo de proteção na hospedaria.

-Não as deixe sozinha Marco, fique de olho. - Damian falou e Marco se retirou em seguida para seguir as duas.

Esperamos que a posta fechasse atrás de nós e começamos o interrogatório.

- Como está se sentindo? O que fizeram com você?

- Encontrou caçadores? Bruxas? Outros Nosferatus?

- Você esta se sentindo melhor depois de se alimentar?

- Acha que alguém mais te seguiu? Deu para apagar os rastros?

Ele nos olhou com espanto.

-Será que podem ter calma? Eu sou um só - Continuamos encarando ele esperando algumas resposta - Sim Nancy, eu estou melhor. Obrigado por me deixarem um corpo inteiro para me alimentar, estou bem mais forte agora. E...elas me apagaram de alguma forma que eu não faço ideia de como, e quando acordei já estava sem controle do meu corpo e não conseguia gritar nem pedir ajuda. - Não precisa chorar mais, eu estou aqui. - Ele concluiu a frase com ironia.

-Que? Eu não estou chorando. - Eu realmente não estava

- E Damian, consegui apagar nossos rastros mas os pais dela estão procurando por Nancy desesperadamente,estão cada vez espalhando cartazes por mais lugares. - Ele se sentou devagar - Eu não sei dizer se nos seguiram, porque fiquei muito tempo apagado e sem conseguir usar qualquer sentido de olfato ou visão...nada... - Ele parecia decepciona consigo mesmo. - E não encontrei nada além dessas três bruxas infernais no meu caminho.

-Ok, então precisamos desaparecer daqui assim que escurecer. Você precisa dormir, descansar ao máximo. - Damiam estava de pé já querendo ir em direção a porta quando fez sinal para que eu o seguisse.

- Posso falar com a Nancy um instante Damian? - Damian parecia tão surpreso quanto eu. Hesitou um pouco mas se retirou batendo a porta.

- Damiam me contou de seus avanços, ele parece muito orgulhoso.

- Até eu estou. Menos...

-A visão, eu sei...

Abaixei a cabeça e comecei a me lembrar do que havia visto. Senti a mão dele segurar a minha meio desajeitado e em seguida soltar como se desistisse de tentar me confortar.

- Preciso dormir.

- Tudo bem - me levantei de supetão e fechei as cortinas do quarto. - Também vou indo. 

Sai do quarto e dei de cara com Damian sentado a porta. Ele se levantou e segurou a porta antes que eu a fechasse.

- Boa noite Nancy -  me deu um beijo na testa e entrou no quarto fechando a porta.

Desci as escadas e fui para o estábulo ver os cavalos. Aquilo me lembrava a minha infância montada em pôneis da minha avó. Ficar ali era bom. Era uma parte normal do meu dia.