terça-feira, 10 de maio de 2016

Nancy Ahlert - Entre o bem e o mal ~~ Capítulo 28: Dons

 

-Se importa se eu fumar?
 -Precisará abrir a janela, e o sol já vai nascer.
-Fique na cama de cá. O sol não chegará aqui.

Akantha estava sentada na cama me olhando e provavelmente pensando em algo confuso pela cara que me fazia.

-Você já descobriu seu dom? - Ela perguntou de repente
- Ainda não. Talvez eu não tenha nenhum.
-Ou tenha muitos.

Ela se levantou e cruzou os braços me olhando com uma certa determinação de enxergar a minha alma. Caminhou até pertinho de mim e olhou meu cigarro.

-Posso fumar? - Ela estendeu a mão pedindo-o
-Mas é claro que não! - Puxei o cigarro para mais perto de mim.
- Tecnicamente não me fará mal nenhum.
- Tecnicamente você ainda é uma criança.

Ela gargalhou.

-Acho que você deveria testar alguns dons.- Começou a andar pelo quarto devagar e pensativa  e se manteve assim por alguns instantes.

O sol já estava aparecendo e eu fechei a janela soprando para fora do quarto a última tragada que havia dado. Larguei o cigarro na lixeira do banheiro depois de ver se realmente não havia deixado nenhum resquício de fogo. Não queria ser a culpada por mais um incêndio

- O que eu estou pensando?
-Oi?
-Vamos, leia meu pensamento. Você precisa apenas querer ler.Vamos lá, tente.

Limpei minha mente e tentei me concentrar apenas na cabeça dela. Fiquei olhando fixamente para a sua testa. Nada.

- Não acho que eu tenha esse dom. 
-Bom, você não tentou muito. Mas tudo bem. Que tal o da persuasão? Podemos ir até o saguão e tentar.
-Eu prefiro que não. - Imagina se eu ia tentar isso. Minha vida já tinha esquisitices demais.

 Ela se levantou do chão onde havia se sentado um minuto antes e me fez sinal para segui-la. Continue sentada vendo ela caminhar em direção a parede. Olhando para mim ela ergueu uma perna e apoiou na parede, depois enquanto erguia a outra para fazer o mesmo, o seu corpo foi mudando de posição até ela ficar em pé na parede, como se a gravidade ali permitisse aquilo tranquilamente.

- Isso você consegue.

Me levantei, aquilo sim seria interessante tentar. Fui até a cama e tirei o colchão dela, colocando no chão ao lado de onde Akantha estava, onde eu subiria.

-Pra que isso? 
-Caso eu caia, ao menos caio do macio. - Coloquei meu pé direito na parede e me senti ridícula naquela posição.Não dava para apoiar o pé por completo. Me concentrei. Queria muito andar pelas paredes como eu via em filmes. Ou melhor, como eu via na minha realidade os meus novos amigos fazendo.

Era horrível tentar tirar o outro pé do chão. Eu não tive confiança e acabei tirando o meu pé da parede.

-Pare com isso! Seja confiante. No máximo você vai cair no colchão. - Ela segurou a minha mão para que eu não me afastasse.

Caminhei de volta e coloquei novamente o pé na parede dessa vez sem dar muito tempo para pensar, coloquei o segundo pé.



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