quarta-feira, 4 de maio de 2016

Nancy Ahlert - Entre o bem e o mal ~~ Capítulo 26: Adeus

 

Me senti aliviada , saciada e em seguida culpada. Mas ela já estava morta mesmo, e eu estava com fome. Meus pensamentos eram sempre confusos mas todas as vezes que me alimentei me senti mais confusa do que nunca. Apesar de me sentir mal em beber sangue de um ser humano ,  eu fazia aquilo sem muito questionamento. Acho que ao ser transformada, passou um pouco do instinto Nosferatu para mim. Não sei.

Fui até a suíte e lavei minha boca, minhas mãos e meu pescoço.Me olhei no espelho atentamente. Eu estava pelo menos 5% mais branca do que o normal e tinha olheiras leves. Meus olhos estavam vermelhos, provavelmente por eu ter acabado de me alimentar. Foquei em um pensamento e mantive a minha boca aberta,queria ver meus dentes crescerem. 

- Porque esta fazendo careta para o espelho?

Ouvi a voz de Fester atrás de mim mas não consegui ver seu reflexo no espelho. Me virei assustada e envergonhada de estar ali parada de boca aberta feito uma idiota e com a cara tão próxima do espelho que embaçava ele com a minha respiração.

- Não sabe bater?
- A porta estava aberta.
- Não importa.

Passei por ele e senti sua mão fria segurar o meu braço.

- Vocês irão prosseguir e eu voltarei.
- Do que está falando?

Ele se virou e ficou de frente para mim . Uma trovejada me assustou e o relâmpago clareou rapidamente o ambiente deixando o rosto dele bem visível. Não consegui definir a sua expressão. 

- Você vai seguir caminho com Damian e alguns que vieram conosco. Eu vou voltar e apagar qualquer vestígio nosso. 
-Para onde irei?
- A montanha.
-A montanha? Ela fica muito longe!
-Sete dias de distancia. Mas é o local mais seguro. Temos nosso abrigo subterrâneo lá e é protegido por magia. Fique tranquila.

Ele parecia estar com medo. Como queria me passar tranquilidade, se ele estava com medo?

- Magia? Mas disse que as bruxas são inimigas. 
-Quase todas. Sempre tem as exceções.

Ele parecia não ter mais o que falar.

-E você?
-Já disse. Vou voltar.
-Mas não estará seguro, não é?

Ele se manteve em silencio e um novo raio cortou o céu. Vi que seu rosto tinha um sorriso falso.

- Eu sei me proteger.

Era mentira. Ele estava se sentenciando a morte.

- Não vai levar ninguém com você?
-Não. Não preciso.

É claro que ele precisava.

-Então te desejo boa sorte
-Não preciso de sorte.




Estávamos todos na sala gigante com mochilas e casacos. A Sith estava na nossa frente sentada em uma poltrona com as perna cruzadas e quase toda a coxa a mostra.

-Boa sorte a todos vocês. Nancy querida - ela se levantou e fez sinal para que eu chegasse mais perto - você vai descobrir muita coisa sobre si. Você não é uma simples humana transformada em Nosferatu. Já estava escrito querida. Você vai salvar a todos.E vai matar a todos.

Senti o arrepio percorrer meu corpo. Como assim matar a todos?

Ela passou por mim novamente como um fantasma e me causando novos calafrios e seguiu até a porta da frente. 

- A propósito, me chamo Adrastéia

Abriu ela sem precisar toca-la e saiu fechando-a em seguida.

-Precisamos ir. - ouvi Fester - Assim que ela deitar em seu túmulo a casa matara quaisquer que estiver aqui dentro ainda.

Fui a primeira a sair com medo de ser morta por uma casa.

Caminhamos todos até o beco recebendo ordens e instruções de Fester que parecia falar devagar e caminhar lento. Podia jurar que ele queria retardar a nossa ida. Por fim ele falou sobre onde haviam carros que poderíamos pegar e sobre onde deveríamos nos alimentar. Todos foram se dispersando. Eu sinceramente não queria me afastar de Fester. Apesar de toda a chatice dele, ele tentara me proteger diversas vezes. Mesmo que por obrigação. Pelo menos me passava segurança. Fora que eu não conhecia ninguém além de Damian naquele grupo.

Fomos todos nos afastando e deixando Fester para trás. Ele virou as costas e foi caminhando lentamente em direção contrária. Parei alguns segundos.

- O que foi Nancy?
-Pode ir indo até o carro. Preciso falar com Fester.

Corri de volta até ele.
Eu não tinha nada a falar com ele. Porque eu voltei?
Ele se virou com uma cara interrogativa.

- O que foi?

Passei por ele e parei do outro lado ficando de costas para ele. Não queria que visse o medo em meu rosto.

-Quando você vai voltar?
-Quando for seguro para vocês.

Ele iria para longe e provavelmente nunca mais eu o veria.

-Adeus - falei sentindo a chuva em meu rosto. 
Abri meu guarda-chuva e escondi meu rosto quando me virei para ele.

-Adeus - Ele abriu o guarda-chuva dele e escondeu seu rosto passando por mim ao mesmo tempo que eu passava por ele.

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