sexta-feira, 1 de abril de 2016

Nancy Ahlert - Entre o bem e o mal ~~ Capítulo 14: Uma babá agressiva


Vilma não teve nenhuma cerimônia ou despedida. Não teve ninguém chorando e falando palavras bonitas. Achei que alguém do orfanato viria ao menos se despedir. Mas pelo jeito ela não era muito querida por lá. Estava somente eu, o enfermeiro dela - que por sinal foi muito amigo dela - e o coveiro. Um caixão simples, nenhuma palavra. O que eu poderia falar? "Vilma foi a minha melhor amiga e eu a assassinei por pura fome" .

Anoiteceu e eu continuei sentada em seu túmulo. 

- Eu te peço perdão por todas as vezes que eu não estive presente, por todas as palavras secas ou ignorâncias. Você reclamava muito disso. Eu...Desculpa Vilma. - eu soluçava e minha cabeça doía de tanto chorar

Vi que havia alguém me observando. Dane-se. Me deitei e fiquei lá. O que seria da minha vida? Eu só queria voltar no tempo. Voltar alguns dias e tudo voltar a ser normal.

A pessoa que me observava começou a caminhar na minha direção e sentou ao meu lado. Era o Fester. Ele ficou calado e eu também. O único barulho naquele cemitério era o das corujas e dos meus soluços. 

Dez horas da noite.

- Meus pais devem estar achando que estou em uma fase rebelde.
-Porque diz isso?
-Eu nunca estou em casa e nem tenho ido as aulas. Eu não vejo eles a uns dois dias eu acho.
- Você não pode continuar em casa Nancy. Você é nova nisso  pode novamente se descontrolar. Precisa entender que isso é para o seu bem também.
- Eu sei que você só está com medo desse tal de conselho , mas não deixa de estar certo.
-Você também teria medo se soubesse como são. Ele são outra raça de vampiros. São superiores a nós e não desafiamos fazer nada que eles não aprovariam. E você com certeza é algo que ninguém aprova.

Eu sorri.

- Qual a graça?
-É quase poético se não fosse trágico. Isso tudo. A transformação, a existência de vampiros...
-Nosferatus - ele me interrompeu
-Enfim...tudo isso ....sei lá. Tudo!
-Não acho poético minha irmã ter morrido por sua causa.
-Fester...vai ficar me jogando isso na cara? Na verdade a culpa foi sua. VOCÊ me mordeu, VOCÊ me transformou nessa coisa.
-Mas VOCÊ deveria ter morrido.
-Agora  a culpa é minha se eu não colaborei com seu plano de me matar? - Elevei a voz e me sentei
-Claro! Seu papel era ser a caça e eu o caçador. Caças não se transformaram em caçadores depois de serem caçadas.- Ele estava quase gritando e se sentou também.
-O que? Você esta sendo ridículo

Me levantei e deixei ele resmungando. Esse Fester era totalmente desagradável. Achei que finalmente  ele estava me tratando feito gente, mas parece que não

Andei em direção a minha casa. Havia ido a pé até  lá e agora demoraria uns vinte minutos até chegar em casa. Olhei para trás e vi Fester me seguindo. Eles agora viraram minhas babás?

Meus pensamentos foram interrompidos por um trovão estrondoso e em seguida seu raio cortando o céu. Fiquei parada olhando para o céu e sentindo as primeiras gotas de chuva que caiam. Apertei o passo e entrei em um bar na esquina da rua. Fui até o balcão e perguntei se havia cigarros.

- Não sabia que fumava.

O que Fester ainda estava fazendo alí me seguindo?

- Você pode ir para casa já sabia? Está tarde.
 -Primeiro que não está tarde, nem são onze horas ainda. E segundo... não sei se a princesinha sabe mas nós fazemos da noite nosso dia.

Ótimo! Ele iria mesmo me seguir. Soltei a fumaça na cara dele e saí para uma mesa no canto mais escondido do bar. Ele ficou sentado e pediu alguma bebida que não bebeu nada além de um gole que fez careta. Idiota. Sai de fininho depois e fumar quase metade do maço e caminhei para casa.
 

PRÓXIMO CAPÍTULO: 03 DE ABRIL


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