terça-feira, 26 de abril de 2016

Nancy Ahlert - Entre o bem e o mal ~~ Capítulo 22: O polical

 


Era a Katrina. De fã, ela com certeza passou a ser uma odiadora minha. Fiquei largada no chão vendo ela sentada do outro lado chorando e as pessoas me encarando e se dispersando aos poucos.
 Fiquei alguns minutos sentada ali sentindo meu corpo doer e vendo Katrina chorar cercada por outros jovens. Me levantei e senti as perna bambas,  coração disparado e o gosto de sangue na boca. Passei por ela e caminhei até a vila.

A cena era a pior possível. Além de TODAS as casas terem sido incendiadas, também haviam corpos queimados no chão, até mesmo de crianças. Era difícil respirar com toda aquela fumaça. Os moradores estavam apagando o fogo e juntando os poucos pertences que lhes restara. A casa de Damian estava totalmente destruída, não sobrara nada.
 
Só me restava uma coisa a fazer

Nem sequer olhei para trás. Caminhei em direção a saída daquele ferro velho e comecei a correr em direção a pista. Não podia ir para casa e nem poderia ficar com essas pessoas. Eles viriam atrás de mim, e não posso prejudicar mais ninguém. Comecei a correr na direção contrária a cidade, na direção contrária a minha casa.
Corri durante quase uma hora e finalmente parei em um posto, estava muito cansada, mas não tanto quanto estaria em condições normais. E por normais quero dizer humanas.

A chuva começaria a cair a qualquer momento então voltei a correr.

Onze horas da noite.

 Eu estava cansada demais e não sabia o que faria a partir daquele momento. Havia acabado de passar pela placa de "Bem-vindos a cidade dos anjos". Ia sempre ali passar os feriados com meus pais. A cidade estava bem iluminada com todos os prédios e lojas. Fui até uma loja ali perto e furtivamente peguei roupas intimas. Continuei andando pela loja e pedi uma roupa que eu sabia que não teria ali. Fui embora fingindo estar descontente por não achar o que procurava. Fui até a praia e entrei em um restaurante fechado. Fácil. Entrei no banheiro e tomei um banho demorado.

Já passava da meia noite e eu só queria encontrar um local abandonado para passar o dia. Caminhei pela praia e tentei lembrar de momentos felizes com meus pais ali...

 
Aquele banco definitivamente seria o lugar mais desconfortável que dormira em toda a minha vida. O cheiro de urina daquele lugar infestavam as minhas narinas e eu não podia fazer nada. Não sei quanto tempo passou, mas o sono chegou rápido. Lembro que a ultima coisa que vi foi as estrelas brilhando.

Senti algo duro me batendo na cabeça repetidas vezes e abri meus olhos semicerrando-os por causa da claridade. Havia um policial batendo em minha cabeça com o casseteteme mandando levantar. Me sentei rapidamente sem entender muita coisa.

-Que? - Perguntei meio acordada e meio dormindo.
-Não pode ficar aqui. Encontre outro buraco para dormir. 

Me levantei e vi o movimento de pessoas e o cheiro da comida - estranhamente enjoativo - forte no ar. Era cedo, com certeza, as pessoas estavam chegando a praia e as lojas estavam abertas na maioria.

-Com licença  - chamei quando o policial foi se retirando -quais as horas por favor

-São sete da manhã e você não deveria estar nessa praça. Pelo menos não para dormir.


Me levantei e caminhei até a esquina.
O que eu faria agora?

 

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