"Queridos mãe e pai, nem sei como devo começar então talvez minhas explicações fiquem meio fora de ordem mas ai vou eu!
Sei que pensam que foi pro causa da Vilma que eu estive estranha esses dias mas por incrível que pareça, não foi. Também não culpem o David , apesar dele ser um imbecil, não foi ele o motivo da minha estranheza. É algo comigo,e que só eu posso entender. É coisa minha mesmo.
Me desculpem fazer a coisa que provavelmente vocês nunca esperariam, sair no meio da noite para nunca mais voltar. Sim. Nunca mais!
Preciso confessar algumas coisas a vocês.
Eu nunca quis fazer faculdade de medicina. Queria ser policial e trabalhar em operações. Nunca quis meu cabelo curto, só cortei porque vocês me pediram muito. Também não quis fazer teatro e nem ballet. Foi tudo por vocês.Eu queria aprender artes marciais e estudar astronomia. Não para tornar profissão, mas gostaria de ter estudado sobre esse assunto. Todos esses vestidos que estão na mala no meu quarto são novos e quase não usei eles, porque detesto e só usava nos eventos que vocês faziam porque me deram com carinho. Quero confessar também que eu não fui em nenhuma das três aulas na faculdade.
Também tenho alguns pedidos.
Por favor doem tudo meu nos orfanatos que tem no endereço que deixei no verso da folha. Peço também que transformem esse quarto na biblioteca que tanto sonharam. Fiaria lindo o piso de madeira que vocês falaram com aquela cortina da loja da esquina. Peço principalmente que não venham atrás e mim, não vai adiantar. Na verdade só vai piorar. E escreverei para vocês contando como vai a vida. Prometo.
Falar nisso, quero prometer algumas coisas.
Eu prometo que não vou namorar um vagabundo novamente, ta papai? Você estava certo sobre o David. Prometo mãe, que vou tomar mais banhos no dia, assim como você sempre pedia. Prometo aos dois que vou me alimentar melhor. Prometo me cuidar e continuar indo a igreja aos domingos. Pelo menos sempre que puder. Prometo continuar sendo a pessoa que me ensinaram a ser.
Mãe, papai, eu amo vocês!
Sem mais delongas, Adeus!"
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